domingo, 13 de abril de 2014

Barcos, o novo Norberto

A RBSTV não transmitiu o jogo. A saída: ouvir no rádio e imaginar cada lance. Escutar uma partida de futebol já deixa o sujeito mais nervoso, decisão então nem se fala. O Grêmio só precisava empatar com o Inter para ser campeão. O Colorado era mero figurante. Só o Caxias podia impedir o hexacampeonato tricolor em 1990.

No primeiro tempo, Assis, que tinha uma baita futebol mas preferiu entrar para a história como irmão do Ronaldo, bateu uma falta de longa distância na gaveta: 1x0. O Inter até dominava a partida, sem perigo. E assim fomos para o intervalo.

Na volta para o segundo tempo, o paraguaio Zabala empatou. Tranquilo: éramos mais time. E com o passar dos minutos construímos a goleada. Cuca, o primeiro dele em Grenal, e dois do Paulo Egídio. Final do baile: 4x1.

A partida foi no domingo. Um dia depois, na escola, a nação tricolor era só sorriso e flauta. Meus amigos colorados estavam quietos. Porém, um deles falou algo que eu nunca esqueci: “O brabo não é tomar de quatro. O brabo é saber que o Norberto (volante do Inter na época) saiu de campo com a camiseta do Grêmio no corpo”.

Era a entrega total. Perder no final dos anos 80 e início dos 90 era comum. Os jogadores do Internacional haviam absorvido um sentimento de inferioridade. Nem se importavam mais em perder.

Foi o que eu senti hoje. O abraço do Barcos no Juan, depois do apito final, resume a partida. O time saiu contente por ter feito um bom jogo (construiu várias chances enquanto o adversário foi letal nas oportunidades que teve). Tomou quatro, mas está tudo ok na cabeça dos jogadores. Como quem diz: cumprimos a nossa parte.

O Grêmio se apequenou. Ganhamos vários grenais nos anos 2000, mas as derrotas têm sido dolorosas. A gente nem lembra que meteu 4x2 em 2001, mas não esquecemos nunca a derrota de 2008 pelo mesmo placar de hoje. É como se já entrássemos derrotados: time e torcida. Eu nem estou triste. Estou só querendo que as horas passem. Que os dias passem.

Já me considero feliz da base gremista ter tomado as rédeas da rivalidade em 2014. Ganhamos no campeonato júnior. Estamos na semi da Copa do Brasil sub 17.

É hora de reagir, certo? Porém, reagir pra onde? Estamos sem rumo. Investimos milhões como em 2009, 2012 e 2013 e não dá certo. Investimos na base e em apostas, vide 2008 e este ano, e parece que batemos na parede, no quase.

O azar nos persegue feito uma praga egípcia. O melhor jogador se machuca na hora errada. O juiz marca um pênalti duvidoso pra eles e deixa o nosso passar em branco. A nossa bola não entra...a deles entra mansamente.

Não é culpa de A ou de B. É culpa da culpa. É como se tivesse pré-estabelecido. Não adianta correr, brigar, matar. É melhor ficar inerte e fingir que não é com a gente. É melhor deixar o tempo passar. É melhor abraçar o Juan depois do jogo e ir para casa...em silêncio esperando que esses dias passem depressa.

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